SONETO DE TODAS AS PUTAS
Manuel Maria Barbosa du Bocage
Não lamentes, oh Nice, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa
Milhões de vezes putas têm reinado
Dido foi puta, e puta d’um soldado;
Cleópatra por puta alcançou a c’rôa;
Tú, Lutécia, com toda a tua proa
Não passa o cono teu por honrado.
Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que inda há pouco faleceu (diz A Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa.
Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiques pois, oh Nice, duvidosa
Que isso de virgo é honra alheia.
– 15 de setembro de 1765, Setúbal, Portugal – 21 de dezembro de 1805, Lisboa, Portugal)
Pitaco do Rodrigo de Mello Rego
Ele é apontado como o maior poeta de Portugal, depois de Camões.
No penúltimo verso ele menciona “A Gazeta”, que nada tem com A Gazeta de Vitória/ES.
Era um jornal que circulava em Lisboa.
Por sugestão do Editor Chefão do Portal Don Oleari, escolhi um dos seus mais famosos poemas eróticos.
Ele foi um grande cultor do tema (Rodrigo Mello Rego).
Rodrigo Mello Rego
jornalista, pesquisador de literatura erótica