
Rubens Pontes comenta a poesia de Pierre Ronsard e fala sobre o que pensam críticos da tradução de Manoel Bandeira.
Manuel Bandeira
Foi para vós que ontem colhi, senhora,
Este ramo de flores que ora envio.
Não no houvesse colhido, e o vento e o frio
Tê-las-iam crestado antes da aurora.
Meditai nesse exemplo, que se agora
Não sei mais do que o vosso outro macio
Rosto nem boca de melhor feitio,
A tudo a idade altera sem demora.
Senhora, o tempo foge… o tempo foge…
Um dia morreremos, e amanhã
Já não seremos o que somos hoje…
Porque é que o vosso coração hesita?
O tempo foge… A vida é breve e é vã…
Por isso… amai-me…enquanto sois bonita.
Pierre de Ronsard
Je vous envoie un bouquet que ma main
Vient de trier de ces fleurs épanies
Qui ne les eût à ce vêpre cueillies
Chutes à terre elles fussent demain.
Cela vous soit un exemple certain
Que vos beautés, bien qu’elles soient fleuries,
En peu de temps cherront toutes flétries
Et comme fleurs périront tout soudain.
Le temps s’en va, le temps s’en va, ma Dame,
Las! le temps, non, mais nous nous en allons
Et tôt serons étendus sous la lame.
Et les amours desquelles nous parlons,
Quand seron morts, ne sera plus mouvelle;
Pour ce, aimez-moi cependant qu’êtes belle.
Pitaco do Oleari:
Submeti ao meu tutor intelectual Rubens Pontes três sugestões de ilustração para esta postagem. Ele escolheu a “lindona sobre a relva” (OO).